Octaviano Gonçalves de Oliveira[i]
Quando menino, e ainda vivia na área rural, ia da Palmeira com minha família a cavalo para o povoado dos Brejões da Formosa, lugar para o qual era levado o gado no tempo que a caatinga estava verde. Íamos todos montados a cavalo por uma estrada pedestre que passava pelo Sítio, propriedade do casal Amado Rocha Montenegro e D. Abelina RIbeiro, cujo casal teve uma prole de 11 filhas e dois filhos homens. Era bom passar por lá porque aquela família sempre foi, e continua sendo, hospitaleira e todos dela muito simpáticos. E ali todos muito sorridentes, serviam-nos um saboroso café com beiju, além do que tínhamos o prazer de ter a boa prosa das simpáticas moças e bonitas meninas com as quais até hoje tenho uma boa relação de amizade.
Para chegar na propriedade dessa conceituada família, atravessávamos uma vasta área de tabuleiros formada em parte por campos arenosos cobertos de vassourinhas e por capim natural e outras glebas, por uma vastidão de lajedos cobertos de vegetação composta por rompe-jibão, bromélias, canela-de-ema, umbú de cágados, de cambuizeiros de serra e azedos e outras plantas nativas e típicas daquela região e de toda a Chapada Diamantina. Pelas rochas ornamentais, cada uma delas com um formato diferente, corria água de coloração avermelhada formando espumas e produzindo sons distintos ao correr às vezes serenamente e em outras rapidamente, de acordo o percurso pela qual se deslocava. Essa vastidão de terras comum a todos, que servia de pastagem para gado de muitas famílias, era compreendida por tabuleiros, capões e carrascos baixos. Aquele extenso campo aberto de léguas de tamanho ficava localizado depois da histórica Fazenda Gurgalha e a partir da propriedade Caranguejo do saudoso Joel Paraguassu, compreendendo as áreas denominadas Várzea da Porta e Boca da Madeira, desde a área próxima à antiga estrada de rodagem que ligava a sede do município ao povoado de Icó, até uma aguada perene chamada Rancho de Mateus. Essa fonte, possivelmente a principal nascente do Rio Salitre, fica no outro extremo ao poente e já bem próxima da Fazenda Cercado das famílias famílias Maia e Reis. Esses campos abertos sem casas, sem currais e nem cercas, serviram de atalho para Lampião fugir de um possível confronto com as temidas forças do Coronel Benta, ao optar o valente chefe do cangaço por não entrar na cidade e pernoitar naquela fazenda, de onde fez contato amistoso e respeitoso com chefe político da cidade através de mnsagens escritas, levadas e trazidas por mensageiros do lugar.
E é no meio do percurso em direção ao Sítio, próximo a uma área conhecida por Boca da Madeira e onde o rio já é mais pujante, que tem, ou tinha, uma cerca totalmente reta de pedras sobrepostas, cuja extensão perdia-se de vista, tendo parte dela sido derrubada para passar a referida estrada pedestre. Sobre essa obra rudimentar inacabada ninguém sabia dizer ao certo de onde vinha e para onde ia, e muito menos, qual era a sua real finalidade, se para dividir duas propriedades ou para cercar alguma área. Especulavam algumas pessoas mais velhas que ela foi levantada naquele ermo, possivelmente a mando doss primórdios donos da Fazenda Jacaré, somente para dar ocupação aos escravos e, não obstante, o seu objetivo ser desconhecido, ela resistiu ao tempo e ficou para sempre como uma marca da escravatura em Morro do Chapéu. Curioso é que até hoje as informações a seu respeito são imprecisas e desencontradas, podendo, talvez, ter alguma escritura antiga fazendo referência aquela preciosidade histórica, e é também instigante saber se essa lendária cerca já foi ou não estudada, pesquisada e documentada por algum historiador.
A meu ver, a ainda misteriosa cerca de pedras da Boca da Madeira, constitui-se um importante monumento histórico por retratar uma época longínqua dos primórdios fazendeiros donos de escravos, uma memória de um tempo quando Morro do Chapéu era fornecedor de gado para abastecer Salvador e todo o recôncavo baiano. E se não fosse o risco de depredação das riquezas minerais e vegetais daquelas paragens, tal como já aconteceu com outras áreas, seria interessante tornar aquele local em mais uma atração turística da nossa terra, por ser uma vasta área com muitas características e curiosidades, dada à sua rica flora, em razão do seu diversificado relevo constituído por grandes rochedos e pequenas serras e cortado por muitos riachos e córregos que correm no tempo das chuvas, período esse, quando é encontrada uma infinidade de flores e frutos silvestres, e em qualquer época, alguns poucos animais silvestres que restam, vez que a caça nesses limites parece ser praticada sem nenhum controle.
Para encerrar esse relato, tenho a dizer que quem não conhece a cerca de pedras da Boca da Madeira não pode dizer que conhece tudo de interessante e de curioso que tem Morro do Chapéu. Aquele lugar, como tantos outros da nossa terra, tem muito para ser visto e admirado, só não tem mais o café, a simpatia e a alegria espontânea daquela família, pois, todas as mocinhas simpáticas que perto dali nasceram e viveram, hoje senhoras, morando em outras regiões, a maioria delas bem distantes, que, por certo, não esqueceram o seu deslumbrante torrão natal.
Salvador, maio de 2015.
O engenho da Palmeira
Octaviano Gonçalves de Oliveira
A Fazenda Palmeira ao norte da cidade de Morro do Chapéu, a meu ver, teve o seu apogeu com o engenho puxado por bois que, levando em conta os que tem atualmente na região, era uma unidade bem grande. Até o fim da década de 50, quando eu vivi lá a minha primeira infância, os seus brejos eram quase todos plantado de canaviais. Por isso, aquele lugar formado por propriedades da família Gonçalves, tinha aquele lendário engenho com três moendas de ferro com cerca de um metro de diâmentro cada uma, puxado por uma canga de bois que girava numa circunferência de cerca de mais de dez metros. A sua fornalha era composta de cinco a sete tachos fixos de cobre, não me lembro ao certo, mas, recordo-me bem que no primeiro e o maior deles cabia nove latas de vinte litros de garapa que, à medida que ia fervendo, era passada para os outros menores com uma concha feita com cuia presa a uma vara, até chegar ao último deles que era removível, no qual dava o ponto ao mel para ser retirado e batido numa gamela para ser transformado em rapadura.
A fornalha era bem comprida e toda ela de alvenaria, cujo vão quadrado abaixo do nivel da superfície por onde era colocada a lenha em toras bem compridas, tinha mais profunidade que a minha altura da época. A sua chaminé era bem alta que parecia ser de uma fábrica, expedia uma densa e escura fumaça que subia no ar com o cheiro de rapadura, exalando o aroma de moagem sentido pelas pessoas que passavam na estrada. A cana que era também trazida de todas as propriedades circunvizinhas, desde a Jaboticaba até a Gurgalha, passando pelo Candeal, Barra, Cercado e Barreiras, era amontoada e formava altas pilhas a ser moida para produzir não apenas rapadura, mas também, mel e vinagre.
Para nós meninos, o tempo da moagem, que acontecia nos frios meses de julho e agosto, era uma festa. Nas estradas, dava-se o vai-e-vem constante de carros puxados por seis cangas de bois, trazendo cana e lenha para o engenho, cuja toada aguda e ininterrupta parecia combinar hamoniosamente com a melodia do canto dos pássaros dos quintais, pastagens, capoeiras e matas e com o badalar dos chocalhos das vacas. Além disso, a atividade da moagem era uma festa em si, cujo trabalho era iniciado na madrugrada e da minha cama bem aquecida eu ouvia não somente o inverno frio açoitando o telhado, escutava também o ruído do engenho acompanhado da cantoria e dos gritos dos moedores João Bonito e Pedro de Teotônio, gritando os bois pelos seus nomes. Além deles, trabalhavam no engenho Seu Benigno, o tacheiro, e Agnaldo, o batedor do mel, atividade final do processo da transformação do garapa em rapadura que depois de batida era colocada em formas forradas de pano espalhadas por grandes e baixas mesas.
Naquele tempo, a Palmeira tinha uma escola estadual na qual estudavam as crianças da redondeza, tendo sido a professora Geni Reis a sua última docente, que foi a minha alfabetizadora. Como prédio da escola era colada à casa onde nasci e o engenho ficava bem perto, o recreio nesse período via festa festa da criançada que corria para lá, a fim de comer puxa e a raspa da rapadura, quando não, tomar garapa (caldo) ou chupar cana para saciar a fome de alguns, uma realidade naquele tempo. Naquela época, a maior parte da rapadura era vendida nas feiras de Morro do Chapéu e da Varzea Nova ou era pegada por um caminhão para longe e a outra comprada pela população dos arredores para ser usada como açúcar e em muitas situações e também para ser consumida com farinha para auxiliar nas refeições das famílias, haja vista o seu preço ser acessível às famílias mais pobres.
E por muito tempo, a região da Palmeira teve como atividades principais a criação de gado e a lavoura com o plantio de mandioca e feijão, alho e cana, sendo que estas últimas se tornaram deficitárias, optando os proprietários por plantar capim nas vazantes onde as cultivavam, sendo vendido o magestoso engenho para um agricultor de Utinga. Anos atrás, o meu sobrinho Márcio Brito indo àquele município, foi visitar um engenho e surpreendeu-se quando o seu proprietário lhe mostrou a sua documentação e ele constatou que os seus vendedores foram os irmãos Fulgêncio e Salatiel Gonçalves (este meu pai e seu avô), da Fazenda Palmeira de Morro do Chapéu.
Sabendo do seu paradeiro, quem sabe eu possa ainda ir rever aquele velho engenho de tão boas recordações para mim, para a família Gonçalves e para toda gente da Palmeira, a fim de registrar por fotografia e ter a imagem de algo que retrata a vida pregressa da nossa família, a memória do meu torrão natal e parte da história socio-econômica do nosso município, para assim, produzir mais um registro da rica cultura de Morro do Chapéu.
Salvador, abril de 2015.
Um caçador, sua cachorra e a morte
Octaviano Gonçalves de Oliveira[*]
A Fazenda Candeal, distante duas léguas a noroeste da cidade de Morro do Chapéu, foi uma das suas mais importantes propriedades rurais por ter se destacado na primeira metade do século passado como produtora da café. Seus antigos donos eram os conceituados senhores Climério e Onofre, este último, pai das então senhoritas Maria de Lourdes Coelho (Lourdes de Borêu), a minha educadora na 2ª série primária, Francisquinha, Silvia e Aninha Coelho, esta, muito conhecida na cidade por ter sido escrivã eleitoral por muitos anos.
Ainda menino meu pai me levou para conhecer aquela bonita fazenda quando ela já pertencia ao saudoso farmacêutico Tolentino Guimarães. Na sua antiga sede ainda tinha duas grandes casas com portas e janelas bem altas e largas e muito diferentes das atuais, residências essas rodeadas de cafezais e fruteiras. A grande extensão daquela propriedade chamava atenção, sendo a sua área formada por roças de café e pastagens, matas, tabuleiros e serras, cujos limites ao fundo não se sabia ao certo onde eram, se até ou além da Serra do Canto da Coruja, ou se alcançavam a Serra do Deus me Livre, ou seja, o seu extremo era bem distante da sua sede. No tempo quando o gado era criado solto, parte dela era de terrenos abertos com serras e capões, tabuleiros e carrascos, habitat de muitas espécies de caças como tatus, cotias, mocós, porcos do mato, caititus, zabelês, jacus, aracuãs, além de onças, que segundo dizem, ainda habitam aquela região.
Os seus dois antigos proprietários citados, tinham um trabalhador descendente de escravos que por toda a sua vida trabalhou para as famílias daqueles senhores. Aquele trabalhador, que era conhecido por Mané Oim por ter os olhos pequenos, costumava caçar e algumas vezes ia sozinho tendo como companhia um cachorro, aventurando-se inclusive nas áreas perigosas já mencionadas, cujo acesso exigia muita coragem, vez que tinha que subir e descer serras, atravessar vastas áreas arenosas e romper faixas de terrenos com densa vegetação, além de lá ser um conhecido refúgio de onças.
Quando era rapazote eu passava as férias escolares na roça. E numa daquelas férias quando meus pais já tinham se mudado da Palmeira para a Folha Branca, que limita com o Candeal, algumas vezes eu acompanhei meu irmão Paté, de saudosa memória, em caçadas de tatu naquela vasta área e pude sentir o quanto era tenebroso percorrer aquela região. Na primeira vez que fui caçar por lá, ao retornarmos bem cansados sem trazer nenhuma caça, antes de subirmos a serra que margeia a Folha Branca e o Candeal, fiquei perplexo quando o meu irmão apontou um areal e no seu centro um monte de pedra, dizendo-me que era a cova de Mané Oim, cuja história eu conhecia.
Soube desse triste episódio da sua morte por minha professora que contou em sala de aula, que num certo dia aquele trabalhador saiu sozinho para caçar, tendo como companhia apenas uma cachorra. Depois de passar um tempo fora do normal sem ele retornar, alguns homens saírem à sua procura naquela região meio deserta onde ele constumava ir. Quando eles chegaram próximo a um baixio com capões e aguadas, logo notaram que urubus sobrevoavam uma moita e escutaram em seguida o latido espaçado e cansado de um cachorro. Seguindo na direção, lá encontraram o corpo estendido debaixo de uma árvore e no entorno do local pegadas das patas de uma onça próximas de onde ele estava morto. Tais marcas se tornaram evidências que a fera tentou atacá-lo e pelos sinais esse ataque não se consumou graças à cachorra que protegeu o seu dono e não o abandonou mesmo depois de morto. A sua morte, segundo relato dos antepassados, deve ter sido causada pelo seu grande esforço para defender-se das investidas da felina selvagem.
Os homens ainda tentaram levar o seu corpo até o Candeal para ser sepultado, mas, desistiram logo na frente, devido ao mal cheiro face ao início de decomposição do cadáver. Diante de tal situação, decidiram enterrá-lo à margem do caminho de vaqueiros que levava ao Candeal, cobrindo a sepultura de pedras da serra. Aquele lugar enigmático no qual eu me encontrava naquele dia, deixou-me surpreso e curioso por eu já ter ouvido falar naquele fatítico acontecimento. Contudo, o cenário não me deixou sobressaltado, pelo contrário, transmitiu-me paz por constatar que depois de tanto tempos ainda tinha ali aquela sepultura arrodeada por serras e montes de todos os lados e localizada entre plantas de todas as espécies, num lugar embelezado por flores de todas as matrizes. Perplexo com o que via, concentrei-me de frente àquele no túmulo rústico ainda mantido depois de tantos anos, no qual jaziam os restos mortais de um homem simples e humilde. E ali estava uma sepultura como um marco de coragem de um sertanejo que sozinho enfrentou a morte naquele ermo, tendo somente a companhia da sua fiel e valente cachorra.
Como tantas outras pessoas humildes, Mané Oim, a meu ver, é mais uma pensonagem histórica de Morro do Chapéu ainda esquecida, haja vista, que nunca vi a sua história sendo referida por quem escreve sobre os fatos e pessoas da nossa terra. Eu nem mesmo sei se o Correio do Sertão fez referência a esse fato, mesmo porque, esse fatítico acontecimento pode ter ocorrido antes da fundação do jornal, que sempre noticiou esse tipo de ocorrência. Quiçá, algum dia adiante, o nome desse homem simples e de outros passe a fazer parte dos anais da história da nossa terra, que tem sido escrita por cenas e casos curiosos envolvendo caçadores, vaqueiros, garimpeiros e outras pessoas humildes, trabalhadores que no passado, tal como fez ele, contribuiram com força braçal e bravura para o desenvolvimento do município, que no início do século XX, economicamente se destacava mais pela extração de diamantes e carbonatos.
Salvador, abril de 2015
UM FATO ACONTECIDO EM MORRO DO CHAPÉU 50 ANOS ATRÁS, NA APURAÇÃO DOS VOTOS DA ELEIÇÃO DE 1966.
OCTAVIANO GONÇALVES DE OLIVEIRA / Morrense
O relato desse fato é um dos textos que consta no livro "MORRO DO CHAPÉU: Relatos sobre alguns dos seus aspectos, curiosidades e personalidades", que editei no ano passado.
Remotas lembranças do Golpe de 1964
Octaviano Gonçalves de Oliveira.
A vida humana, tal como uma nação, é constituída de três momentos que não são novidade para ninguém: o passado, o presente e o futuro. Algumas pessoas, dentre as quais eu me incluo, lembram-se com facilidade de acontecimentos distante no tempo. Tanto que me recordo bem de algumas passagens da minha época de criança e de adolescente, sendo que muitas das minhas reminiscências veem à minha mente quando alguns acontecimentos pretéritos voltam aos noticiários e tornam-se assuntos debatidos e comentados na atualidade.
Nesta semana um assunto tomou grande espaço na mídia nacional, o Golpe Militar de 1964. E os muitos programas, as diversas entrevistas alusivas ao cinquentenário do movimento também conhecido como Revolução de 1964, fizeram-me lembrar do que aconteceu comigo em torno daquele período negro da história do Brasil. Até acontecer o golpe militar, os momentos pré-revolucionários foram também bem tensos e nas pequenas cidades do interior onde a consciência política era limitada à política local, a preocupação maior na época era com a perspectiva do país se tornar comunista, temor este pregado pela Igreja.
Quando aconteceu o Golpe Militar eu ainda era uma criança cursando o 5º ano primário no Grupo Escolar Coronel Dias Coelho de Morro do Chapéu, uma época que o único meio de comunicação no interior era o rádio e poucas eram as residências que tinham um aparelho, e os poucos que tinha eram utilizados pelas famílias mais para ouvir jogos de futebol e novelas como “Jerônimo” e “O Direito de Nascer”. Eu desde aquela época me interessava por assuntos nacionais, tanto assim, ia ouvir a Voz do Brasil com meus saudosos tios Fulgêncio e Mina, porque na nossa casa não tinha rádio. Além disso, costumava ler velhos números da revista semanal O Cruzeiro, focando meu interesse nas páginas políticas e nunca nos assuntos policiais, algo impossível de acontecer na atualidade, pois a política atual anda lado a lado com o crime e exemplo maior é o fato de parte cúpula do partido no poder, ter sido condenada e achar-se presa.
E não me esqueço dos discursos inflamados e eloquentes de Brizola e do Presidente João Goulart defendendo as reformas sociais, que a maioria da população dizia ser em defesa do comunismo. Mas, por outro lado, não olvido que todo domingo ia à missa e lá ouvia as pregações alardeando temor de um possível risco do Brasil tornar-se um país comunista, opinião esta assimilada por quase a totalidade das famílias. Naquele contexto, raras foram pessoas que saíram em defesa do regime stalinista, exceção feita aos cidadãos Amado Rocha Montenegro e Joel Ribeiro Paraguassu, este um coletor federal e aquele um lavrador pai de uma família numerosa, cujos filhos e netos são todas pessoas que buscaram e alcançaram sucesso na vida.
No meu caso, sou uma pessoa que não passou ilesa aos efeitos da atuação das forças militares da Revolução de 64. Isso aconteceu porque, deu-se um fato histórico que nem sei se está registrado nos anais da história de Morro do Chapéu, que foi o destacamento de um pequeno pelotão do Exército formado por Jeeps e caminhões, soldados e armamentos, para acompanhar as eleições municipais de 1966, cuja disputa se deu entre Lourival (Lourito) Guimarães Cunegundes e Odilon (Odi) Gomes da Rocha, vencida por este que governou município de 1967 a 1971. A presença do Exército em nossa cidade foi algo que causou grande impacto em todos, principalmente nos jovens, não só pela novidade que foi a ida do batalhão à nossa terra, mas, pela apreensão causada à população ao presenciar soldados armados de fuzis protegendo as unas eleitorais que foram depositadas no Teatro Odilon Costa à espera do Juiz Eleitoral de Irecê para serem abertas, porque a Zona Eleitoral de Morro do Chapéu naquele ano estava sem Juiz, tendo que aguardar a apuração daquele município ser concluída.
E o que aconteceu comigo que me marcou tanto? Vamos ao fato. Quando o dinâmico juiz Dr. Expedito Teixeira deu início à apuração, o eco que se ouvia no salão da Minerva era ele lendo alto o nome do candidato votado na cédula eleitoral que o próprio abria. E o som predominante no silêncio daquele ambiente, rigorosamente controlado pelos soldados do Exército, era somente: Odilon ou Lourival. E silenciosamente as pessoas faziam um risco num pedaço de papel qualquer para anotar cada voto anunciado, para chegarem ao resultado de cada urna aberta, antes da contagem ser oficializada pelo Juiz Eleitoral.
E a ânsia de saber previamente o resultado de uma determinada urna, fez-me dirigir a uma pessoa ao lado, falando relativamente baixo, para saber dela um resultado lido que não tinha entendido bem. Foi aí que um soldado, de modo áspero e de forma extremamente autoritária, ordenou-me que eu saísse imediatamente do local. Imagina qual foi o meu constrangimento, um adolescente tímido de 16 anos, sendo repreendido e expulso do ambiente por um soldado do Exército, num período no qual os militares tinham direitos superiores aos dos cidadãos comuns. Fora desse acontecimento, recordo muito bem, da época de estudante em Salvador, quando soldados das Forças Armadas policiavam em fila as ruas, principalmente em grandes eventos como na comemoração do título de miss universo da baiana Marta Vasconcelos em 1969, na conquista do tricampeonato mundial de futebol em 1970 e nos carnavais de quase todo o tempo sob a vigência do Governo Militar.
Concluo que, não obstante todo o meu constrangimento e o meu medo, esses foram momentos marcantes na minha vida. Mesmo assim, defendo também a tese que toda nação deve tirar proveito de fatos da sua trajetória histórica para construir um futuro mais promissor para o seu povo, devendo desconfiar sempre dos paladinos da verdade que têm uma prática bem distante dos seus discursos preferidos no passado em defesa da moralidade e de condutas de honestidade.
Morro do Chapéu, que na época tinha ainda menos expressão política da que tem hoje em dia, sofreu poucas consequências da Revolução de 64 e o único fato que teve interferência direta na vida dos morrenses foi a presença das forças armadas nas eleições municipais de 1966, fato do qual sou uma das testemunhas oculares.
Salvador, abril de 2014.
ALGO MUITO GRATIFICANTETE
Sempre que surge oportunidade, eu convido morrenses ou pessoas que residem em Morro do Chapéu, para participarem deste grupo que já conta com 2.840 membros e cada vez que tenho oportunidade de incluir mais uma pessoa eu fico gratificado, com o que o grupo GENTE DE MORRO DO CHAPEU fica cada vez maior.
Contudo, hoje essa satisfação se deu em dobro. Primeiro, porque fui eu quem foi convidado e quando eu aceitei a amizade dessa pessoa, ela imediatamente me perguntou se eu tinha sido Presidente da ASFAM; segundo, por ela ter me dito que era grata a mim por ter dado através da ASFAM a oportunidade para ela receber uma premiação por um texto de sua autoria ter ganhado um concurso lançado por aquela conceituada Associação. Saiba Márcia Izabel, que um dia dois ou três anos atrás, seu pai me encontrou aí em Morro do Chapé una e eu não o conheci, mas ele me reconheceu e também me agradeceu muito o apoio que a ASFAM deu à sua filha, ou seja, você.
A gratidão da conterrânea Márcia Izabel me comoveu, ela que na época era ainda uma menina-moça, escreveu um texto que ganhou um concurso literário naquela oportunidade. Pelo que ela me passou, faltou-lhe maturidade para aproveitar o seu dom de escrever e continuar elaborando textos. E eu acrescento e digo-lhe que o que deve ter faltado-lhe foi apoio de órgãos públicos e entidades civis para incentivá-la a continuar acreditando no seu sonho de tornar-se uma escritora.
Aproveito este espaço público e esta oportunidade para dizer à ainda jovem Márcia Izabel, para não desistir desse sonho e não abandonar esse seu objetivo, haja vista, já ter a maturidade da qual você diz agora ter lhe fez faltado antes. Para tanto, procure a Secretaria Municipal de Educação e outros órgãos públicos, como também, entidades que possam apoiá-la nesse seu louvável objetivo, porque a terra que se tirnou destaque nacional com o Programa Nota 10, não pode deixar passar ao largo e desconhecer talentos como você e tantos outros ainda obscuros, por falta de apoio e de espaço para mostrarem os seus potenciais e desenvolverem as suas vocações.
Um abraço prezada conterrãnea Márcia Izabel e continue acreditando em você!
Dr. Antonio Dourado, o calçamento e o turismo em Morro do Chapéu
Léo Ricardo 4 horas passado DIA-A-DIA, Morro do Chapéu, POLÍTICA, Regional Escreva um comentário 78 Visualizações
Visitando Morro do Chapéu
Após um curto afastamento, voltei a passar uns dias em Morro do Chapéu para rever os amigos e tomar conhecimento dos avanços do Projeto Geoparque.
Como há muito constatado verifiquei, sem surpresa que o problema dos passeios / calçamento permanece. Para uma cidade que pretende ser um polo turístico, é difícil conviver com a situação atual.. Uma grande diversidade de altura, largura, degraus, diferentes acessos para veículos e em muitos casos falta de manutenção, além de uma total falta de padronização.
Acredito que Morro do Chapéu possua deficientes visuais e pessoas com dificuldade de locomoção, que estão condenados a permanecer em casa, considerando que não existe, para os mesmos, condições de acessibilidade. Considero ser difícil uma mudança nesse cenário, enraizado após vários anos, Entretanto, o poder público poderia intervir nas construções em andamento, fornecendo orientações, de modo a evitar a ampliação do quadro atual.
Esclarecemos que na internet existem orientações a respeito deste assunto com os títulos Guia Prático para Construção de Calçadas e Normas para Execução de Calçadas.
Morro do Chapéu poderia seguir o exemplo da Prefeitura de São Paulo que criou o Programa Passeio Livre, que visa conscientizar e sensibilizar a população sobre a importância de construir, recuperar e manter as calçadas da cidade em bom estado de conservação.
Dourado e o duelo Lixão x Aterro Sanitário
Léo Ricardo 1 dia passado DIA-A-DIA, Economia, Morro do Chapéu, Regional Escreva um comentário 102 Visualizações
Após vencimento da data, estipulada por lei, para a substituição dos lixões nos municípios por Aterros Sanitários, houve o estabelecimento de novo prazo, que ao que parece que também não será observado.
Como todos sabemos, o enfrentamento adequado desta questão resulta em economia na preservação ambiental, na desativação dos lixões, bem como na rede governamental de saúde.
Outro problema grave é a proximidade de alguns lixões com campos de pouso de aeronaves, o que pode provocar acidentes considerando que o lixo atrai urubus. Tendo em vista que estes pequenos campos de pouso são usualmente utilizados em épocas de eleição, é de admirar que os nossos deputados ainda não tenham se dado conta do risco que correm.
Visando contribuir para o equacionamento deste problema sugerimos:
Estabelecimento de linhas de financiamento especifica do governo federal, com este fim
Divulgação pelo governo federal de diferentes modelos de plantas de instalações de arterros sanitários
Divulgação de um cartilha destacando os critérios técnicos a serem observados na localização de um aterro, abrangendo os elementos da geodiversidade e da biodiversidade
divulgação pelo governo federal de estudos sobre as distancias entre as cidades para viabilizar a presença de consórcios
Considerar que existem municípios que possuem Distritos que também geram uma considerável quantidade diária de lixo.
Se considerarmos que cada habitante produz em media 1 kg de lixo por dia, considerando residências, hospitais, supermercados, oficinas, rodoviárias, campos de futebol, restaurantes, etc é possível avaliar o volume produzido diariamente.
Geólogos, biólogos, geógrafos e engenheiros devem ficar atentos a essa questão, que representa um grande mercado de trabalho, para definição do local e construção do aterro Sanitário Afinal, se considerarmos os cinco maiores estados brasileiros em numero de municípios MG (853), SP (695), RS (497), BA (417) e PR (399) temos um total de 2811 municípios.
Antonio J. Dourado Rocha
Geólogo
Jose Alberto Vasconcelos
Morrense da gema, Zeca de Alaíde, como é conhecido, e como ele gosta de ser chamado por seus conterrâneos-contemporâneos, é filho do saudoso casal Walter Xavier e Alaíde Vasconcellos. Ele cursou o ginasial no Colégio Nossa Senhora da Graça, depois, o colegial no Colégio Central da Bahia em Salvador. Graduou-se em geologia na UFBA e, na sua meia idade, formou-se em Direito na FACET.
Apesar dos seus cursos superiores, a sua vocação para vendedor e empresário prevaleceu, despertar esse que, segundo ele mesmo relata, começou ainda rapazinho quando trabalhou na cantina do CNSG. Mesmo cursando Geologia, ele se dedicou à carreira de corretor de imóveis e depois de vasta experiência nessa profissão, adquiriu uma corretora de imóveis com um colega, da qual se desligou adiante para ter a sua própria, a JA Imóveis, tendo como único sócio o seu irmão Clériston Vasconcellos, empresa que já se coloca entre as maiores corretoras de imóveis da Bahia
O seu sucesso como corretor e empresário, aliada à sua capacidade de comunicar-se, levou-o a ser chamado a fazer um programa televisivo na TV BAND Bahia com apoio do CRECI/BA, no qual ele esclarecia sobre compra e venda de imóveis, passando orientações a corretores, vendedores e compradores de imóveis. Além disso, ele foi eleito Vice-Presidente do CRECI/Bahia, cargo que vem exercendo por alguns mandatos seguidos.
Morrense extremamente bairrista, ele defende e divulga Morro do Chapéu no seu dia a dia, nos contatos de trabalho e nas suas conversas como cidadão e filho da terra do frio. Com essa paixão por sua terra natal, juntou-se a um grupo de morrenses e participou da criação da ASFAM, da qual foi diretor e presidente, entidade que realizou mobilizações de cidadania e de combate à corrupção na cidade de Morro do Chapéu, além de colaborar com entidades como a Minerva e o Correio do Sertão e ajudar a algumas pessoas pobres da cidade. O seu amor por sua terra natal e pela “casa de afeto e carinho”, levo-o a colaborar e participar ativamente da memorável festa de comemoração do cinquentenário do Colégio Nossa Senhora da Graça.
O seu sucesso como empresário e a sua paixão por sua terra natal levaram este grupo a escolher o seu nome para homenagear, por ser ele um dos poucos morrenses que deixou Morro do Chapéu, obteve êxito como cidadão e empresário e nem com todo esse sucesso, esqueceu as suas raizes e as suas origens e nem deixou de defender e de propagar a sua terra. Ademais, o seu apego à sua cidade o faz sempre a ela retornar, para encontrar os seus parentes, rever os seus amigos e curtir o invejável clima da seu torrão natal.
TURISMO EM MORRO DO CHAPEU
O município de Morro do Chapéu (BA) possui um conjunto bem diversificado de atrações turísticas, entre as quais podemos citar: as grutas (Brejões, Igrejinha, Boa Esperança, Cristal e Velha Duda), as cachoeiras (Ferro Doido, Agreste Ventura e Domingos Lopes), o Morrão, a capela da Soledade, o clima, as flores (rosas do deserto), procissão do fogaréu, as pinturas rupestres, além da cordialidade do povo.
A estes atrativos devem ser adicionados os geossítios descritos pela CPRM que forneceram a base para implementar a candidatura de Morro do Chapéu ao título de Geoparque, o que pode conferir uma divulgação internacional ao município e já motivou a realização de, no mínimo, 300 excursões de diferentes universidades e empresas para a região.
Nos últimos anos este conjunto de atrativos tem recebido, um considerável reforço, sem ônus para o município, com a chegada da fabricação da cerveja artesanal, do vinho. do queijo e dos embutidos, além da rosa do deserto.
Entretanto o turismo em Morro do Chapéu não apresenta desenvolvimento satisfatório. Qual o motivo? Que papel cabe a cada um dos atores desta situação?
Visando contribuir para minorar esse problema apresentamos algumas sugestões:
Conseguir a implantação do contorno rodoviário;
Conseguir a realização dos Planos de Manejo das três Unidades de Conservação (Cachoeira do Ferro Doido Parque Estadual e APA de Brejões);
Desenvolver esforços junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente para implantação do Centro Receptivo na Cachoeira do Ferro Doido (pequeno auditório, sanitários, local para venda produtos locais, mapas, livros, etc);
Esforços para construção do Matadouro, Aterro Sanitário e Estação de Tratamento de Esgoto;
Conseguir a presença de uma unidade da UNEB em Morro do Chapéu;
Valorização do Conselho Municipal de Meio Ambiente e do Turismo;
Implantação de sinalização: rodoviária, turística e de trânsito;
Manutenção das rodovias para os pontos turísticos, a exemplo do Morrão;
Cadastramento dos prédios de maior valor histórico para tombamento;
Resgatar os Ternos de Reis, e a Cavalgada Mourama;
Obras para obrar saneamento básico para o Tareco;
Contribuir para confecção de material de divulgação dos pontos turísticos;
Valorização do calçamento da rua Cel. Dias Coelho (rua das Arvores), de trecho da rua Fogo e da rua que vai do INSS ao Hospital São Vicente
Estudo e divulgação dos aspectos históricos sobre o diamante e sobre os coronéis e sobre a vila do Ventura;
Treinamento para guias turísticos (geologia, clima, vegetação, pinturas rupestres, fotografias, gps, primeiros socorros, dinâmica de grupo);
Proteção dos sítios de pintura rupestre;
Divulgação do Correio do Sertão;
Implantação do Museu Municipal;
Conseguir patrocínio para elaboração de um Vídeo sobre os pontos turísticos.
Decidir a quem caberia cada uma destas tarefas (poder público e comunidade) pode ser uma atribuição do Conselho Municipal de Turismo.
Esperamos que estas sugestões possam ser complementadas, mesmo porque não somos especialista em turismo. De modo que críticas são desejadas e contribuirão para aperfeiçoamento destas sugestões,
Sds
Antônio José Dourado Rocha
Cidadão Morrense
octaviano gonçalves
sáb., 13 de jun. 20:07 (há 15 horas)
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Nomes antigos de algumas ruas de Morro do Chapéu
Octaviano Oliveira
Rua de Jacobina ou Rua da Federal, a atual Rua Antônio Balbino
Rua do Correio do Sertão ou de João Gomes, parte da Av Dias Coelho Rua das Árvores ou de Jubilino, a outra parte da Av Dias Coelho
- Rua de Sinvaldo ou de Seu Nego,
Rua Araújo Pinho
Rua do Lactário, a Rua dos Grassis
Rua do Ventura, parte da Rua Nilo Peçanha
Rua das Tripas, a outra parte da Rua Nilo Peçanha
Rua da Palha, a Rua 2 de Julho
- Rua da Corrente, final da Rua Antônio Balbino
- Rua da Usina, a Rua Rui Barbosa
- Rua de Seu Remo, a Rua Juraci Magalhães
- Rua de Antônio Conrado, uma parte da Rua Tiradentes
- Rua de Jorge Homero, a outra parte da Rua Tiradentes
- Rua do Padre Juca (que ainda não tem uma rua com o seu nome), a Rua Padre Inácio de Vasconcelos
Rua do Posto Médico, a Rua Antônio Carlos Magalhães
Curiosidades: Ruas cujos nomes artigos e populares continuam:
A Rua do Fogo, a Rua Coronel Souza Benta,
A Rua do Po-Só, cujo nome oficial é Rua Padre Inácio de Vasconcelos
A Rua das Árvores também continua sendo chamada por essa denominação, mas antes, parte dela era conhecida como Rua da Prefeitura;
Praça do DERBA, a Praça Flaviano Guimarães, que depois da reforma também passou a ser chamada de Praça da Música
(Foto em frente ao Colégio Nossa Senhora da Graça, quando ainda os prédios das agênciasrias)não tinha bancá