(18.03.1882-15.05.1931)
Horácio
de Matos era filho de Quintiliano Pereira de Matos e Herminia Gómez Queiroz e
sobrinho de Clementino de Matos, que liderou a família Matos na Chapada
Diamantina.
Moraes
(1997) relata que Horácio de Matos, ainda
rapazola, passou a morar em Morro do Chapéu, onde com parcos recursos resolve
estabelecer-se com uma loja de tecidos e miudezas além de um comércio modesto
de diamantes e carbonados. Ele possuía uma loja com seu nome, no antigo
povoado de Campinas, que distava 4km do Ventura.
Ainda
segundo esse autor ele aproximou-se do coronel Dias Coelho, chefe político
local de largo prestigio e comandante de uma das brigadas da Guarda Nacional,
conseguindo a sua estima e, de tal feito, que algum tempo depois se vê
presenteado com o título de Tenente-Coronel dessa corporação.
Segundo
relato de Flamarion Modesto, certa vez, ao voltar do garimpo do Ferro-Doido, no
final da tarde, Horácio foi avisado pela sua companheira, de que sua pistola
havia sumido. Saiu procurando pela arma, ate que alguém, disse: quem roubou foi
um mateiro que mora na rua do cemitério. Horácio, juntamente com seu irmão
Vitor, foi em procura do bruaqueiro . Bateu na porta do barraco e
disse: eu vim buscar minha pistola que você roubou.
-Seu Horácio, que conversa é essa?
-Roubou sim, retrucou Horácio, ao
tempo em que Vitor foi logo agarrando e puxando o cara, que sem condição de
continuar negando falou:
-Escondi a pistola do senhor em
cima da serra. Vamos lá para buscar.
Na realidade o garimpeiro tentava
ganhar tempo e conseguir um local onde conseguisse correr para se esconder.
Procura daqui, procura dali e nada de se encontrar a arma, até que o garimpeiro
tenta fugir e é morto. Horácio dizia que o sujeito puxou uma faca e que no
apertado da hora ele teve que matar.
Carlos
Navarro Sampaio também relata esse episodio, no qual o mateiro teria sido preso
em no povoado de Campinas, face ao furto da pistola. Como nesse local não
existia cadeia,o preso teve que ser levado para o povoado do Ventura, sendo a
escolta formada pelo próprio Horacio e por seu irmão Vitor. Durante o trajeto o
individuo teria tentado fugir e durante a luta, no apertado da hora, terminou
sendo morto. O local onde aconteceu esse fato ficou conhecido como Apertado da
Hora.
Delmar
Alvin também relata esse caso, atribuindo-o, entretanto, ao roubo de um
diamante.
Em seu leito de morte, em 1912, Clementino confiou os
destinos do clã a Horácio de Matos, então com 31 anos de idade. Horácio de
Matos tornou-se o mais festejado senhor da guerra no sertão brasileiro. A época
e as circunstâncias o impeliram a pegar em armas contra os clãs rivais e contra
o governo estadual (Maculay 1977).
Segundo
Brandão & Cardoso (1993), tendo triunfado a revolução de 1930, Horácio de
Matos atende ao apelo do comandante das forças revolucionárias na Bahia,
tenente Juracy Magalhães, de desarmamento do Sertão. Por sua ordem, são
entregues ao governador quase 30.000 armas. Uma vez desarmado, Horácio de Matos
é preso no dia 30.12.1930, e a exemplo do que acontece com outros coronéis, é
enviado para Salvador. Sob os protestos do clero, da magistratura e do
comércio, ele é libertado em 13 de maio de 1931 e assassinado dias depois.
O CORREIO DA BAHIA, na reportagem Júri do
Povo, publicada no Caderno Domingo Repórter (26.10.2003), relata que o crime que deu cabo à vida do coronel
Horácio de Matos tinha uma indiscutível conotação política, por conta da
Revolução de 1930. O guarda Vicente Dias dos Santos, assassino do coronel
poderoso na área da Chapada Diamantina foi defendido por Edgard Matta e
–sempre- Cosme de Farias. A defesa alegou que o réu agiu com violenta emoção,
tomado pelo clima de mudança que imperava na cidade. Ao final, o conselho de
sentença, absorveu o réu, por sete votos contra um.
CHAVES
(1998) relata que Arquimedes de Matos que estava em Mato Grosso quando o irmão
foi assassinado, voltou à Bahia, dedicando-se a cultura de cana-de-açucar na
fazenda Bom Prazer, município de Wagner. Pouco tempo depois casou-se com a
viúva de Horácio. Segundo Arquimedes esse casamento tinha por objetivo amparar
os sobrinhos orfãos, mas muito pensaram que ele queria reviver o cangaço,
ocupando o lugar que fora de Horácio, na chefia do sertão.