Eusepio Garofani e familia

 (14.08.1932 – 28.04.2007)

             Eusepio Garofani, que nasceu na Itália em 1932, era filho de Francesco Garofani e Emília Zagarelli Garofani.

            A sua avó paterna ficou viúva, com sete filhos. Depois de algum tempo ela aceitou casar com um viúvo, que também tinha sete filhos. Face às dificuldades para o casal criar 14 filhos, Francesco e seus irmãos foram doados para outras famílias.

            Na época da segunda guerra mundial Francesco foi para a Espanha, onde permaneceu por três anos, só retornando em 1945. As coisas permaneciam difíceis, face aos estragos provocados pelo conflito. Não havia grandes perspectivas. Assim, depois de algum tempo, Francesco e Emília resolveram emigrar para o Brasil, onde chegaram em agosto de 1950, em companhia dos filhos Luigi (1930-1985), e Eusépio (1932-2007).

            Inicialmente a família tentou se estabelecer com a venda de mudas e a implantação de fazendas de oliveira, além da fabricação de azeite. Chegando em São Paulo foram informados que, em virtude do clima, essa cultura se adaptaria melhor no Paraná. Passaram então a morar em Curitiba, onde ficaram por três anos. Nesse período, a família chegou a importar 3.000 mudas de oliveira, que foram transportadas de avião.

            Por ser uma cultura praticamente desconhecida na região, as pessoas não acreditaram no negócio, e as vendas fracassaram. Das 3.000 mudas, apenas 1.500 foram vendidas para três fazendeiros, que tentaram ajudar a família, que terminou desistindo do negócio, e partiu, em 1955, para instalar o restaurante denominado La Fonte del Clitunno.

            Os três primeiros meses da nova atividade foram muito difíceis, porém, logo começou a haver fila de fregueses na porta do restaurante. Entretanto, como a família não tinha empregados foi vencida pelo cansaço, e a atividade foi substituída por uma torrefação de café em Foz do Iguaçu.

            Com a morte de Francesco em 1975, visando novamente reunir a família, Eusépio e sua mãe resolveram se mudar para a Bahia, onde Luigi já se encontrava instalado desde 1972. Venderam tudo e se mudaram para Salvador, região muito quente para quem estava acostumado com o clima do Paraná.

            Como Luigi tinha contratos de prestação de serviços com trator de esteira em Irecê, Eusépio terminou por conhecer Morro do Chapéu, que considerou um local muito amável, de clima frio e agradável. Logo comprou uma fazenda e se instalou com sua mãe, que faleceu em 1981.

            Para ter apoio financeiro até que a fazenda de café começasse a produzir, Eusépio abriu o restaurante Etrusco. Houve, porém, uma inversão das posições: o restaurante é que passou a sustentar as atividades na agricultura. A partir do momento em que ficou conhecido, o restaurante foi um sucesso na região. Tinha gente que trabalhava a semana toda em Bonito (BA), na implantação de fazendas de café, e viajava para Morro do Chapéu só para jantar. Bancários de Irecê freqüentaram o restaurante durante muito tempo. Depois, estabelecida uma amizade, Eusépio passou a ir até lá para servir almoço aos domingos. Por dois ou três anos serviu também a ceia de natal.

            Em 1965 casou-se, no Paraguai, com Vitória Dorigoni, natural daquele país. Os filhos desse casamento são Maria Clara Garofani, Regina Célia Garofani, Francisco Carlos Garofani e Emília Carla Garofani.

            Após o divórcio, o segundo matrimônio ocorreu em Morro do Chapéu, com Terezinha Figueiredo de Oliveira, da região da Mônica, que o procurou para aprender a cozinhar, e se revelou uma excelente aluna. Acabaram casando. Em 1985 nasceu a filha, Bianca Ceris Garofani.

            Entre os seus planos para o futuro estava a implantação de oliveiras e uvas na região de Morro do Chapéu.

            Dentre seus inúmeros amigos podemos citar o italiano Giacomo Bufoni, que veio para a Bahia junto com Luigi. Giacomo começou suas atividades profissionais no Brasil trabalhando como motorista de caminhão, numa época em que uma viagem entre São Paulo (SP) e São Luís (MA) levava três meses, entre ida e volta. Cansado dessa rotina, passou a trabalhar com trator de esteira, na região do Bonito, desmatando e abrindo estradas, no auge da implantação da cultura de café.

            Ao longo dos anos, proporcionando inúmeros momentos de alegrias e de confraternizações entre amigos, o Restaurante ou a Pizzaria Eusépio passou a fazer parte da família e da história de Morro do Chapéu. Muitos negócios foram ali iniciados, vários deles com as sábias recomendações do próprio Eusépio que, com a sua costumeira paciência e grande conhecimento, não se recusava a fornecer orientações sobre as diversas atividades econômicas desenvolvidas no município.

            De maneira geral, os novos clientes, após se surpreenderem com a qualidade do restaurante, gostavam de conversar com Eusépio. Quase sempre a questão inicial era sobre a história de sua escolha por Morro do Chapéu, uma vez que, possuindo uma grande habilidade culinária, ele poderia ter escolhido qualquer capital para implantar o seu restaurante. Era nesse momento da conversa que o visitante tomava conhecimento da grande paixão de Eusépio por Morro do Chapéu, demonstrada pela preocupação com o crescimento do município, pelo convencimento de que o turismo seria uma opção para o desenvolvimento econômico e, também, pela presença constante nas reuniões dos conselhos gestores do Parque Estadual de Morro do Chapéu, do Monumento Natural da Cachoeira do Ferro Doido e da APA da Gruta dos Brejões.

            Dentre as várias qualidades de Eusépio podemos citar a grande dedicação à família que, com carinho e competência, saberá prosseguir com os serviços do restaurante, inclusive como forma de homenagear o seu trabalho.

 

Antônio J. Dourado Rocha



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